responsabilidade
A Responsabilidade
26 de Julho de 2006
Caro Alberto Martins,
Penso que os deputados nacionais, entre eles os do PS, têm estado,
desde há décadas, mas sem se aperceberem, na primeira linha dos responsaveis pela situação da Educação em Portugal .
Uma prova mais deram-na, há dias, quando censuraram asperamente a Ministra da Educação pelos erros, de facto lamentaveis, que houve na realização dos recentes exames, mas sem se aperceberem de que o que está fundamentalmente errado é o tipo de exames que se estão a fazer em Portugal.
Uma Educação que tem como principal tarefa preparar os jovens para este tipo de exames é uma Educação profundamente doente, que atrofia os jovens e com eles o país.
No próximo ano vai ser necessário falar de Educação. Lembrei-me, por isso, de lhe enviar e a outros deputados os estratos que se seguem de uns emails que troquei com outro professor.
Podem ter alguma utilidade como breve leitura de férias.
Com as melhores saudações socialistas.
António Brotas
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Com respeito ao desempenho da Ministra na Assembleia, acho que o que
ela revelou, sobretudo, foi ter maus colaboradores, o que, em parte,
é culpa dela, mas, sobretudo, é devido à ausência de um verdadeiro debate sobre Educação no interior do PS desde há décadas.
As propostas que o Secretário de Estado Valter Lemos apresentou como soluções para os problemas, no encontro incompleto a que assistimos, na Secção de Educação da FAUL foram, por um lado, uma multidão de pequenas medidas burocráticas, umas acertadas e outras menos, que nem sequer me pareceram muito bem pensadas e, em particular, não tinham nada de imaginativo, e, por outro, gigantescos propósitos burocráticos: para a avaliação dos professores, para
a gestão das escolas, para a elaboração dos programas, etc., mal concebidos e que serão, obviamente, uma fonte de conflitos e dificuldes se for tentado efectiva-los.
A situação actual resulta, fundamentalmente, a meu ver, de o Ministério procurar resolver os problemas burocráticamente sem ter qualquer ideia orientadora para a Educação no país. Há que reconhecer que a Secção de Educação da FAUL não lhe deu, até agora, qualquer ajuda. Os deputados revelaram também não ter qualquer ideia válida sobre Educação , e limitaram-se a fazer uma crítica puramente administrativa do que administrativamente correu mal.
Eles têm uma particular responsabilidade porque, sendo da competência da Assembleia da República eleger o Presidente do Conselho Nacional de Educação, puseram-se sempre de acordo para fazer esta eleição com um candidato único. Evitaram, assim, confrontos que teriam sido óptimas ocasiões para debater os
problemas da Educação em Portugal em que muito tinham a aprender.
Neste contexto, bater na Ministra da Educação parece-me quase injusto.
Quanto ao Mariano Gago, não me parece, nem vivo nem morto. Será uma espécie de gato de Schrodinger. Quando tomar decisões de fundo logo se verá.
Felizmente, há hoje jornais com edições electrónicas como a www.apagina.pt para onde é possivel escrever textos sobre estes assuntos sabendo que são arquivandos e que lhe é dada uma razoavel divulgação. Já para lá escrevi alguns textos e tenciono continuar.
Um abraço
António Brotas
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To: Antonio Brotas
Caro Brotas,
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Agora quanto à Educação, a Ministra teve um desempenho no Parlamento correspondente a "um valente chumbo", sendo irónico que esteja a ser muito penalizada na opinião pública por algo em que só indirectamente tem culpa (por gerir politicamente de modo "atamancado" o assunto (aliás como quase todos os outros assuntos!), sendo que os media que lhe têm feito toda a promoção na campanha que desenvolveu contra os professores, agora são os primeiros acusadores! Bem feito!
Quanto ao Mariano Gago, no Sindicato estamos com algumas dúvidas
sobre se ainda está vivo, ou se ainda é Ministro.